Conservatória é um distrito do município de Valença e fica, aproximadamente, a uns 140km do centro do Rio de Janeiro… É conhecida como a “Cidade da Seresta”.
A tradição da seresta em Conservatória começou em 1938, por causa de violeiros apaixonados que saíram, pela madrugada, para cantar diante da janela de suas musas, fazendo serenatas – a música cantada sob o sereno. Mas essa “cantoria” não só muito agradou às moças como agradou à vila inteira e essa tradição perdura até hoje. As serenatas acontecem nas noites de sextas e sábados e nas manhãs dos sábados e domingos, unindo músicos e turistas que seguem pelas ruas emolduradas por prédios coloniais entoando cantigas de amor e recitando poemas.
O nome primitivo da cidade de Conservatória era Santo Antônio do Rio Bonito. No século XIX, seu desenvolvimento foi baseado, principalmente, no crescimento da agricultura, começando com a cultura da cana-de-açúcar e, principalmente, o plantio do café. Na aldeia de Santo Antônio do Rio Bonito, por causa do desenvolvimento agrícola, foi criado em 1824 o curato, que era chefiado por um vigário (cura).
De acordo com alguns historiadores, foi oficializada em 1789 a organização da aldeia dos índios Araris , durante o vice-reinado de D. Luiz de Vasconcellos. Apenas em 1824, uma sesmaria de terra (equivalente a uma légua quadrada) foi doada aos índios…. assim “nasceu” Conservatória, que significa o Registro dos Índios. A princípio, Conservatória era um aldeamento dos índios Araris. Depois passou a ser chamada de Conservatório dos Índios e finalmente Conservatória – a “Capital Mundial da Seresta”. Com o declínio do café, Conservatória (que possui um bom clima) passou a ser procurada para tratamentos de saúde. Atualmente, a economia da cidade gira em torno da agropecuária e do turismo.
A primeira iluminação pública de Conservatória foi a querosene em 1885 e perdurou assim até 1918, quando chegou a iluminação elétrica.
O padrão tradicional arquitetônico do século XIX prevalece nas construções residenciais. Nenhuma casa pode ser construída ou demolida sem a autorização da Prefeitura.
Fato interessante é que as casas em Conservatória são encontradas pelos carteiros não pelo número, mas por uma plaquinha com o nome de uma música. Quase todas são assim…. por ser um local de tradição em serestas e serenatas, a maioria das casas tem afixadas, na fachada principal, uma placa com o nome e autoria de uma música de seresta, escolhida pelo próprio morador.
De segunda à quinta-feira, Conservatória é uma pacata e silenciosa cidade pequena de interior. Mas ao entardecer da sexta-feira…. Conservatória começa a receber muitos visitantes, de todas as partes do país. A população local é hospitaleira e tranquila e se torna minoria absoluta diante da quantidade de turistas encontrados estão em todos os lugares: nas lojas, nas calçadas, na igreja… e os mais aventureiros seguem para caminhadas, escaladas e banhos de cachoeira.
No final da tarde as serestas acontecem na Travessa Geralda Fonseca e depois os seresteiros seguem cantando de porta em porta, exceto quando o tempo está chuvoso.
No centro fica localizada a locomotiva que era utilizada para escoar a produção local do café. Está desativada e é um ótimo local para tirar fotos na frente dela e também em seu interior. A antiga “Maria Fumaça”, da Rede Mineira de Viação, também puxava os vagões de passageiros. Hoje ela está em frente à antiga Estação Ferroviária de Conservatória, atual rodoviária. A linha ferroviária e a estação foram inauguradas por D. Pedro II em 21 de novembro de 1883. Ambas foram extintas após a instalação da indústria automobilística no Brasil e da política de construção de rodovias para privilegiar o transporte rodoviário de cargas, nos anos 60. Aquela ferrovia interligava o vilarejo com o RJ e MG, partindo de Barra do Piraí (município do qual Conservatória foi distrito entre 1943 e 1948, quando passou a pertencer a Valença) e chegando a Baependi, após Santa Rita do Jacutinga, em MG.
Durante o dia, um dos programas preferidos dos turistas é passear de charrete para apreciar as construções, como a estação de trem de 1883, a Igreja Matriz de Santo Antônio e os espaços culturais dedicados à música. O Museu Vicente Celestino reúne fotos, discos e objetos pessoais do cantor e também de sua mulher, a cantora lírica, cineasta e escritora Gilda de Abreu. Já no Museu Sílvio Caldas, Gilberto Alves, Nelson Gonçalves e Guilherme de Brito, são expostos as fotos, os discos e objetos pessoais dos artistas, onde encontramos um pouquinho da carreira de cada um.
A feirinha da Praça Catarina Quaglia que acontece todo sábado e domingo, encontramos os produtos mais procurados: os xales e chapéus de crochê, o doce de goiabada cascão e os licores caseiros.
As atrações de Conservatória não se restringem apenas ao tema seresta.
Ponte dos Arcos
A Ponte dos Arcos – um dos pontos turísticos da cidade – é uma construção feita pelos escravos entre os anos de 1880 a 1883. Afastada do centro histórico, sentido Santa Isabel do Rio Preto ou Santa Rita de Jacutinga, fica a uns 6km de Conservatória. A ponte foi toda construída em cantaria, óleo de baleia, chumbo fundido, areia, ferro e pedras. O óleo de baleia servia para dar liga às pedras, uma vez que naquele tempo não existia o cimento. A ponte foi construída para dar passagem à antiga estrada de ferro, sendo desativada em 1961 no governo Jânio Quadros. Mede 55 metros de comprimento, 12 metros de altura e 4 metros de largura.
Serra da Beleza
Passando 6km após a Ponte dos Arcos, encontramos um mirante natural voltado para a Serra da Beleza. O nome da Serra, na realidade, é Serra da Taquara, e está localizada entre Santa Isabel do Rio Preto e Conservatória, dois distritos de Valença. O relevo da serra parece com várias “ondas” de montanhas e seus os cumes apresentam forma arredondada e em diversos níveis.
Cachoeira da Índia
Essa Cachoeira fica próxima ao centro de Conservatória. É uma cachoeira pequena e no meio do rio há uma escultura entalhada em bronze, obra da artista Vilma Noel. A figura da escultura não representa uma índia, e sim uma entidade marinha sem identificação.
Cinecentímetro
O Cinecentímetro, é a réplica de uma das salas de cinema da rede “Cine Metro”, que haviam no Rio de Janeiro. Mais especificamente, do antigo Cine Metro Tijuca, inaugurado em janeiro de 1941 e demolido em 1977. Esse local foi montado com objetos adquiridos dessas salas de cinema após seu fechamento. E, para nos dar a nostalgia da época, com muito charme, podemos encontrar objetos originais do antigo cinema, como móveis, pedaços de tapete, lustres, bilheteria e projetores e ainda assistir a trailers e trechos de filmes da MGM que fizeram sucesso na época. É aberto a visitas guiadas previamente marcadas e tem duração de uma hora.