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Chico Xavier – O homem chamado AMOR

Falar sobre Francisco Cândido Xavier – Chico Xavier – é uma responsabilidade grande… Sua vida foi inteiramente dedicada ao trabalho de caridade, seguindo os passos e os ensinamentos de Jesus… Era Homem BOM… era o homem chamado AMOR! Viveu em nossa época e nos provou ser possível viver como Jesus também viveu: respeitando e amando o próximo como a si mesmo!

Aqui será feito um breve relato biográfico de sua vida, uma vez que abordaremos Chico Xavier, seu legado, seus exemplos e suas obras, em outras diversas oportunidades e artigos.

Em 02 de abril de 1910, nascia em Pedro Leopoldo – modesta cidade mineira do interior de MG – em lar humilde, nosso Chico Xavier… filho de João Cândico (um operário), Maria João de Deus (lavadeira) e neto da sra. Francelina, (também uma lavadeira).

Mesmo sem entender o que lhe acontecia, desde os quatro anos, o menino Chico já via e ouvia os espíritos e conversava com eles.

Aos cinco anos de idade, Chico fica órfão, perdendo sua querida mãe Maria João de Deus (1881-1905). Nos estudos, Chico só pode completar apenas o curso primário.

Com o falecimento de sua mãe Maria João de Deus em 29 de setembro de 1905, seu pai se viu em situação difícil com seus nove filhos pra criar: Maria Cândida (“Bita”), Maria Luíza, Maria de Lourdes, Carmozina (“Zina”), José Cândido, Maria da Conceição (Tiquinha) , Francisco Cândido (Chico), Raymundo (“Mundico”) e Geralda. Incapaz de criá-los sozinho, acabou sendo obrigado a entregar alguns dos seus nove filhos aos cuidados de pessoas amigas. Chico Xavier ficou aos cuidados de sua madrinha, Rita de Cássia – mais conhecida como Ritinha, que levada por suas constantes crises nervosas, castigava Chico com surras que chegaram a acontecer até três vezes ao dia.

Várias vezes Chico ouvia sua falecida mãe dizer que enviaria um anjo para reunir toda a família. A segunda esposa de seu pai reuniu todos os seus irmãos e ainda teve mais cinco filhos.

Quando Chico estava com sete anos, em 1917, seu pai casou-se novamente, com dona Cidália Batista, que fez questão de reunir todos os filhos do primeiro casamento do esposo e ainda lhe deu mais seis filhos: André Luiz, Lucília, Neusa, Cidália (“Dalia”), Doralice (“Doris” ou “Dorinha”) e João Cândido Xavier Filho (“Joãozinho”).

Dona Cidália, que desencarnou em 19 de abril de 1931, era conhecida como “Anjo Bom”, pois foi a responsável pela feliz reunião de toda família no mesmo lar e deu fim ao período de sofrimento vivido por Chico enquanto ele esteve “aos cuidados” de sua madrinha.
Seu pai não se casou mais e faleceu em 6 de dezembro de 1960 em Pedro Leopoldo, aos 92 anos de idade.

Em 1919, Chico frequentava a escola primária pública pela manhã bem cedo e depois trabalhava das três da tarde até às onze da noite, numa indústria de fiação e tecelagem – a Fábrica de Tecidos – , mal tendo tempo para aprender a ler e a escrever.

Chico teve uma infância difícil. A necessidade de trabalhar desde cedo para auxiliar nas despesas domésticas foi, em sua vida, conforme ele mesmo o diz, uma bênção indefinível. Em 1925 deixou a fábrica indo trabalhar na venda do Sr. José Felizardo. Mas as perturbações noturnas continuavam, e após adormecer, caia em transe profundo.

Em 1927, buscando ajuda para uma de suas irmãs que se apresentava doente, Chico se juntou a um casal de espíritas, que estava reunido com sua família e realizaram a primeira sessão espírita. Na mesa, dois livros, “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e o “O Livro dos Médiuns. Contando com 17 anos de idade, ouviu de sua mãe: “… Meu filho, eis que nos achamos juntos novamente. Estude-os (“O Evangelho Segundo o Espiritismo” e “O Livro dos Médiuns”), cumpra com seus deveres e, em breve, a bondade divina nos permitirá mostrar a você seus novos caminhos..” (1) Em noite memorável, os Espíritos deram início a um dos trabalhos mais belos de toda a história da humanidade. Foram dezessete páginas psicografadas, de um espírito que se intitula “Espírito Amigo”.

“… Em 07 de maio de 1927, foi realizada a primeira sessão espírita no lar dos Xavier, em Pedro Leopoldo. Em junho do mesmo ano, foi cogitada a fundação de um núcleo doutrinário. Em fins de 1927 o Centro Espírito Luiz Gonzaga, sediado na residência de José Cândido Xavier, que se fez presidente da instituição, estava bem frequentado. As reuniões eram realizadas nas segundas e sextas-feiras.” (1)

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Chico Xavier com 17 anos

A nova sede do Grupo Espírita Luiz Gonzaga foi construída no local onde se erguia, antigamente, a casa de Maria João de Deus, mãe de Chico Xavier. Em 8 de julho de 1927, Chico Xavier fez a primeira atuação do serviço mediúnico, em público.

Aos 21 anos, em 1931, Chico tem seu primeiro encontro com Emmanuel… e recebe a lição sublime e as três qualidades pedidas por seu guia espiritual: DISCIPLINA, DISCIPLINA, DISCIPLINA!! Também em 1931, Chico perde seu anjo tutor… Cidalia Batista!

Até o ano de 1931 Chico psicografou muitas poesias e mensagens, várias das quais foram publicadas, à revelia do médium, em jornais e revistas de todo o Brasil.

Em 1932 a FEB publica o primeiro livro psicografado por Chico Xavier e seu mentor espiritual Emmanuel: o famoso “Parnaso de Além-Túmulo“, cuja primeira edição se compõe de 56 poemas de 14 poetas diferentes. Também nesse ano, Chico sofre processo de descrédito, dessa vez pela autoria dos poemas… Nasce assim o texto autobiográfico “Palavras Minhas, exigência essa da FEB para a publicação de “Parnaso de Além Túmulo(1) Por mais incrível que pareça, Chico Xavier enfrentou vários problemas no início de sua vida espiritual, inclusive a negação da publicação de seus livros pela Federação Espírita Brasileira – FEB.

Em 1933 o dr. Rômulo Joviano, administrador da Fazenda Modelo da Inspetoria do Serviço de Fomento da Produção Animal do Ministério da Agricultura em Pedro Leopoldo, ofereceu a Chico um emprego modesto de auxiliar de serviço. Depois, em 1935, Chico Xavier ingressou no serviço público federal. A carreira de funcionário público como escriturário foi até meados dos anos 60, quando Chico Xavier se aposentou, na função de escrevente datilógrafo, depois de 30 anos de trabalho… A doença também foi companheira precoce e constante durante sua vida: primeiro os pulmões, quando trabalhava na tecelagem; depois os olhos; e mais tarde a angina. 

Em 1937 Chico sofreu acusação de “charlatanismo” com a publicação do quarto livro editado: “Crônicas do Além Túmulo” – processo imputado pela viúva do escritor Humberto de Campos.

“…Em 1940, são publicados romances históricos de Emmanuel: “Há Doil Mil Anos”, “50 Anos Depois”; “Paulo e Estevão”; “Renúncia”; “Ave Cristo”… Eses cinco documentos históricos são retirados dos arquivos do plano espiritual, que constituem autênticas obras primas de literatura, e que nos mostram o nascimento do cristianismo e a sua primeira adulteração logo nos primeiros séculos da era…” (1)

Em 1943, um Espírito se comunica com Chico Xavier e pede-lhe que coloque, nas mensagens, o nome de seu irmão André Luis, pois esse Espírito diz estar fazendo a experiência do anônimo amor e psicografa 15 obras através das mãos abençoadas de Chico Xavier.

Em 1947, há o lançamento da obra “Nosso Lar” que chegou a uma tiragem de 1.277.000 exemplares.

Em janeiro de 1959, deixa sua terra natal – Pedro Leopoldo – e muda-se para Uberaba, indo residir primeiro para Rua 8, Vila Silva Campos, e depois para Rua Prof. Eurípedes Barsanulfo 1185 – Parque das Américas.

Em 5 de janeiro de 1959 , quando Chico mudou-se para Uberaba sob a orientação dos Benfeitores Espirituais, iniciou nessa mesma data, as atividades mediúnicas, em reunião pública da Comunhão Espírita Cristã.

Todos os sábados Chico fazia sua “famosa” peregrinação, que tinha como ponto de partida a Comunhão Espírita Cristã, indo visitar pessoalmente a alguns lares carentes, para levar a alegria de sua presença amiga. Era acompanhado por grande número de pessoas que também se mostravam dispostas a esse tipo de trabalho, sob a luz das estrelas e de um lampião que seguia à frente, iluminando as escuras ruas da periferia, e seguiam contando fatos de grande beleza espiritual.

Em 1967, comemorou-se os 40 anos de serviços mediúnicos de Chico Xavier. (1) Palavras de Chico Xavier ao contemplar 40 anos de mediunidade “Estes quarenta anos de mediunidade passaram para o meu coração como se fossem um sonho bom. Foram quarenta anos de muita alegria, em cujos caminhos, feitos de minutos e de horas e de dias, só encontrei benefícios, felicidade, esperanças, otimismo, encorajamento da parte de todos aqueles que o Senhor me concedeu, dos familiares, irmãos, amigos e companheiros. Quarenta anos de felicidade que agradeço a Deus em vossos corações, porque sinto que Deus me os concedeu nos vossos corações, que representam outros muitos corações que estão ausentes de nós. Agora, sinto que Deus me concedeu por vosso intermédio uma vida tocada de alegrias e bênçãos, como eu não poderia receber em nenhum outro setor de trabalho na Humanidade. Beijo-vos, assim, as mãos, os corações…”

Chico também viajou com o médium Waldo Vieira aos Estados Unidos e à Europa, onde visitaram a Inglaterra, a França, a Itália, a Espanha e Portugal, sempre a serviço da Doutrina Espírita.

Em 1971, participou do Programa Pinga Fogo, na TV Tupi e foi record de audiência.

Em 19 de maio de 1976, Chico desvinculou-se da Comunhão Espírita Cristã.

Em 08 de julho de 1976 inaugura a Grupo Espírita da Prece. Aos 66 anos, sofre a primeira crise de angina. Também nesse ano, a Justiça aceitou uma psicografia como prova válida, inocentando José Divino Nunes, em Goiânia, acusado de matar seu melhor amigo Maurício Henriques.(1)

Em 1981 foi indicado, por mais de 10 milhões de brasileiros , ao Prêmio Nobel da Paz e a campanha foi liderada por Augusto Cesar Vanucci, diretor de emissora de TV na época. Com a fama ampliada no exterior, diversas de suas obras foram traduzidas em vários idiomas diferentes e muitas outras foram adaptadas para telenovelas.

Em setembro de 1983, Chico empresta sua voz para quatro LPs. E em 1985, mais um caso de justiça usa cartas da desencarnada psicografadas por Chico Xavier, inocentando o acusado de sua morte.

No fim da década de 1990, Chico Xavier já havia psicografado mais de quatrocentos títulos de livros. Eram estimados, naquele período, a circulação no Brasil de, aproximadamente cinquenta milhões de livros espíritas, dos quais eram atribuídos quinze milhões a Chico Xavier e doze milhões a Kardec...” (1)

Em 1995, um enfisema pulmonar deixa Chico em uma cadeira de rodas….Em 1997, publica o livro de poesias “Traços de Chico Xavier“… Em 1998, publica o livro “Caminho Iluminado“, do Espírito Emmanuel.

“… Em 1999, Chico publica seu último livro “Escada de Luz”, totalizando 412 livros publicados e traduzidos em diversas línguas e também em braile…” (1)

Em 2000, Chico Xavier é eleito o MINEIRO DO SÉCULO!!!

“…Em 30 de junho de 2002, Chico Xavier morre de parada cardíaca, em casa, em Uberaba (MG), aos 92 anos… Foi enterrado em 02 de julho de 2002, com honras militares e debaixo de pétalas de rosas…. uma fila de 4km foi formada durante seu velório e por seu caixão passaram 40 pessoas por minuto….” (1)

Chico já havia anunciado, a amigos mais íntimos, que partiria num dia em que o “povo brasileiro estivesse muito feliz”… foi o que aconteceu no dia 30 de junho de 2002, dia em que o Brasil sagrou-se pentacampeão mundial de futebol. Seu desenlace ocorreu pacificamente, no próprio lar, onde foi encontrado sereno, ainda em atitude de prece a Deus.

Sua vida privada e pública foi e continua sendo objeto de todo tipo de especulação possível, na informação falada, escrita e televisionada.

Francisco Cândido Xavier psicografou mais 400 (quatrocentas) obras mediúnicas, de centenas de autores espirituais, abarcando os mais diversos e diferentes assuntos, entre poesias, romances, contos, crônicas, história geral e do Brasil, ciência, religião, filosofia, literatura infantil, etc.

Fiel ao princípio de Jesus que diz: “dai de graça o que de graça recebestes, jamais usufruiu dos direitos autorais provenientes de seu extraordinário dom mediúnico. Ao contrário, sempre repassou-os, em cartório, à editoras de divulgação espírita e inúmeras obras assistenciais. 

Chico Xavier partiu, mas o testemunho de sua existência permanecerá como diretriz segura para todos os que desejam seguir os ideais espíritas e cristãos, e sobretudo aos que, voluntariamente, se veem comprometidos com a difícil tarefa do intercâmbio mediúnico.

Sua humildade e seu desapego ainda são constrangedores e dificilmente compreendidos até para muitos confrades e espíritas da atualidade

A verdade é que, depois de Allan Kardec, Chico Xavier sempre representou a árvore da revelação espírita, que foi transportada da França para o Brasil. Sua obra mediúnica inestimável é grande legado para as gerações futuras. Como dignos missionários do mundo espiritual, Chico e Kardec se identificam em muitos pontos, sobretudo, na incomum capacidade de produção literária. A absoluta fidelidade aos compromissos espirituais, assumidos por Kardec e Chico Xavier, bem como ao perfeito equilíbrio do tríplice aspecto doutrinário do espiritismo foram a de jamais se rebaixarem ao nível de seus opositores e inimigos gratuitos, mantendo-se sempre muito acima em dignidade e fraternidade. Fortalecidos na mais pura moral cristã deram seu testemunho de serviço incondicional à humanidade, acreditando verdadeiramente na força delicada e transformadora do bem que os motivava.

A grandeza de Chico, assim como a de Kardec, podem ser avaliadas claramente no testemunho explícito de suas vidas e suas obras, porque de boas árvores somente colhe-se bons frutos. Os 2 representam uma extraordinária referência para o redirecionamento espiritual do homem atormentado dos dias atuais.

Hoje estamos com saudade de CHICO XAVIER, sabendo que ele continua sua tarefa ao lado de Jesus. E Chico fez questão de deixar a todos nós a sua palavra de coragem, confiança, fé...

“… A dor de tanta gente me penetra a alma toda! Sou como grama que, arrancada, nasce outra !!! (2)

“… Metáforas de uma palavra necessária a um tempo de ditaduras e loucuras; tempo em que o homem busca o sentido de diferença entre os seus semelhantes…. Eis que Chico Xavier faz-se o menor, igualando-se à grande maioria de menores, para que possamos ver o Maior… Ou seja… DEUS!! Em sua linguagem e obra, a grandeza daquele que se fez pequeno… Não nos lembramos da mensagem excelsa nos lábios de Jesus? O “faça-se o menor se queres ser o maior no reino dos céus” ? Um sentimento de pertinência ao que é da nossa humanidade. Chico Xavier acolhe, em seus braços paternais, os filhos desviados do caminho… Como Pai, os aconselha! Se faz Pastor, e os conduz! Médium de Cura: os balsamiza! Ricos e pobres, velhos e crianças, homens e mulheres encontram nesse coração o sentido da vida! Não adulterou a Lei. Deu-lhe cumprimento total e absoluto… Foi o Cristão do século sem fundar ordens, levantar igrejas, vestir-se de longas túnicas e assentar-se entre os eleito… Que vida semelhante ao do Nazareno…!! Inconfundível a sua pureza cristã… O mundo ainda apontará como o modelo do verdadeiro cristão: aquele que ouviu a Palavra e a praticou em toda a sua extensão, seguiu os ensinamentos e Jesus tal como na conhecida passagem do jovem rico: ” Vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres!! …” (2)

Chico Xavier HOMEM DE BEM…. o homem chamado AMOR!!!!

Referências Bibliográficas:

(1) “Revista Chico Xavier” – nº 2 – mês de Junho – Ano: 2012 , Grupo Espírita da Prece & Livraria FCX

(2) ” Revista Centenário de Amor e Luz! 1910 – 2010 ” – Livraria FCX

“O Espírita Mineiro”, número 137, abril/maio/junho de 1970

Excertos do livro digital “Francisco Cândido Xavier – Traços bibliográficos”, publicado pela Federação Espírita Brasileira – FEB

Citação parcial para estudo, de acordo com o artigo 46, item III, da Lei de Direitos Autorais.

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